
Todo o processo das vindimas foi fotografado por Emílio Biel
Emílio Biel

Da distribuição de comida aos trabalhadores...
Emílio Biel

... aos pagamentos depois das vindimas
Emílio Biel

Várias propriedades do Douro, como a Quinta do Seixo, também foram fotografadas por Biel
Emílio Biel

Um rio Douro desaparecido, hoje tomado pelas barragens, aqui numa impressionante imagem do Cachão da Valeira
Emílio Biel

Algumas imagens, como esta do rio Varosa, em Sande, são pontuadas por figurantes, como se tivessem sido encenadas
Emílio Biel

Oficina de tanoaria
Emílio Biel

Barco rabelo a descer o rio Douro
Emílio Biel

Subir o rio, à sirga, com o rabelo a ser puxado por homens ou animais
Emílio Biel

Cave de Vinho do Porto, em Vila Nova de Gaia
Emílio Biel

Salão de exportação nos armazéns de Vila Nova de Gaia
Emílio Biel

O transporte das pipas, já junto à Ribeira do Porto
Emílio Biel
“Há alturas em que o trabalho de fotógrafo e de alfarrabista tropeça um no outro”, diz Paulo Gaspar Ferreira, ao contar como lhe foi entregue, por um cliente, um lote de cerca de 500 negativos fotográficos, sem saber muito bem o que tinha em mãos. Para o proprietário da loja e editora In-Libris não foi difícil reconhecer o trabalho de Emílio Biel, o alemão radicado no Porto em 1860. Além de uma intensa atividade empresarial (foi representante de reconhecidas firmas alemãs), foi fotógrafo da Casa Real e documentou em profundidade o nosso País, nomeadamente na sua grande obra, A Arte e a Natureza em Portugal. “Originais de Biel há muito poucos, por isso estas provas de contacto são valiosas”, conta o editor. “No início da Primeira Guerra Mundial, foi deportado para a Alemanha e a maior parte do seu espólio foi destruído ou vendido em hasta pública.”
Em nome do proprietário dos negativos, Paulo contactou várias instituições, mas nenhuma se mostrou interessada em adquirir a coleção. “Custou-me, porque são das fotografias mais importantes de Portugal dos finais do séc. XIX e revelam um património que, de outra forma, não conheceríamos.” Face ao risco do lote ser vendido fora do País, comprometeu-se a dar-lhe um uso comercial e a fazer uma edição que honrasse a obra de Biel. Começou por digitalizar todas as imagens, registos do nosso património natural, histórico, social e etnográfico.

O livro O Douro do Vinho na Obra do Fotógrafo Emílio Biel já está disponível para encomendas
Rui Duarte Silva
Este livro, O Douro do Vinho na Obra do Fotógrafo Emílio Biel, é o primeiro passo editorial, reunindo num estojo de madeira de carvalho 70 imagens da região vinícola, em enormes folhas soltas. “Do ponto de vista etnográfico e da qualidade do enquadramento e da luz, são notáveis, principalmente se pensarmos que foram feitas nos finais do séc. XIX”, sustenta o editor. Foi o próprio Paulo Gaspar Ferreira a tratar da sua digitalização, tratamento e impressão, o que, por fotografia, demorou cerca de 17 horas. “É quase um trabalho de artesão”, diz. Daí que a tiragem do livro (no valor de €1000) seja de apenas 50 exemplares, todos numerados e assinados pelo autor.
As imagens são ordenadas segundo o ciclo do vinho, com retratos do trabalho nas vindimas, das quintas, das localidades durienses (Freixo de Espada à Cinta, Alijó, S. João da Pesqueira…), dos barcos rabelos a descer e a subir o rio à sirga (rebocados ao longo das margens por homens ou animais) ou das caves em Vila Nova de Gaia. Paulo Gaspar Ferreira abre o estojo e perde-se nos pormenores dos registos. E confidencia: “Fazer isto deu-me um gozo particular, é o tributo de um fotógrafo a um mestre”.
In-Libris > R. do Carvalhido, 194, Porto > T. 91 999 1597 > seg-sáb 10h-19h

Paulo Gaspar Ferreira tratou de toda a digitalização, tratamento e impressão das imagens de Biel
Rui Duarte Silva