Dissolução
02530-L22RODRIGUES (Urbano Tavares).— DISSOLUÇÃO. Romance. Livraria Bertrand. Amadora. 1974. 12x19cm. B. 247-I págs. B.
“Acabada a leitura de Dissolução, é, antes do seu valor literário, a sua importância como documento que primeiro nos fere. Escrito nos tempos difíceis em que viver mais um dia era para muitos obra de tenacidade e a esperança de dias melhores o milagre de alguns espíritos fortes, Dissolução é bem o retrato de um certo contexto português e, nesse contexto, de um determinado tipo de indivíduo: desencantado e insistindo na esperança, sem coragem para se marginalizar mas teimando em não pactuar com um sistema que rejeita, por isso mesmo humilhado por medíocres furas fura-vidas a quem a sua qualidade põe em causa, indeciso no amor, procurando nas ‘aventuras’ um derivativo para a Aventura, mas capaz de considerar cada uma importante e única (...).”
“Que há de romanesco na claridade de fim do mundo deste supermercado a anoitecer, com gente carregada de sacos e latas como se fosse hibernar não se sabe bem onde por causa da poluição que ameaça sufocar a cidade? Que há de romanesco neste ano de dezasseis ou dezoito do começo do fim do grande envenenamento colectivo?! O romanesco está, ou não está, em mim, espectador-actor-rascunhador destas imagens desnecessariamente deformadas e deformantes...”.
Primeira edição.