Círculo aberto
03216-L22ROSA (António Ramos).— CÍRCULO ABERTO. Editorial Caminho. (Lisboa. 1979). 13x18,5 cm. 73-III págs. B.
“Obstinada busca de um espaço livre (”eu desejo outro espaço, o espaço do desejo”), a trajectória poética de Ramos Rosa pareceu ter o seu ponto de partida numa experiência de “inversão do espaço”, ou seja, daquela “contenção total” de que ele nos fala num dos seus primeiros e mais conhecidos poemas, “O Boi da Paciência”. Aí apresenta-nos o poeta a experiência (in)humana do “homenzinho diário/no seu giro de desencontros”, homenzinho esse que é, porém, um ser “sedento, lúcido e implacável/familiar do absurdo que o envolve/com uma vida de relógio a funcionar/e um mapa de rios verdadeiros/correndo-lhe na cabeça”. Perante tal situação, a própria do “funcionário cansado” que era então Ramos Rosa, o poeta pergunta-se: “como poderá suportar viver na contenção total/na recusa permanente a este absurdo vivo?” A aventura poética de António Ramos Rosa inicia-se a partir desta pergunta, cuja angústia existencial não se pode desligar da condição social de um pobre empregado de escritório nem da repressão do regime político que então vigorava(...).”
Primeira edição de um dos muito estimados livros de poesia de Ramos Rosa, integrado na colecção “O Campo da Palavra”.