A cidade do Porto na obra do fotógrafo Bernardino Pires. Volume 2

21740-B
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PIRES (Bernardino).— A CIDADE DO PORTO NA OBRA DO FOTÓGRAFO BERNARDINO PIRES. Volume 2. In-Libris. (2022) 23x23 cm. 252 págs. E.

Falamos aqui de um notável fotógrafo quase desconhecido e autor de um magnífico retrato da cidade do Porto dos anos 50 / 60 do século XX. Este acervo, na sua quase totalidade inédito ou minimamente divulgado, compõe-se de imagens de pendor marcadamente neo-realista que revelam a cidade social, urbana e etnográfica através de um olhar inusitado com recurso a enquadramentos, reenquadramentos e luminosidades de grande invulgaridade na sua época.

Pretendem os herdeiros do fotógrafo e a editora divulgar e fomentar o estudo deste espólio composto por mais de 10 000 matrizes fotográficas a cores e a preto e branco de suporte negativo e diapositivo em formatos de 6x6, 6x9 e 35 mm.

Justifica este propósito o facto de a obra do fotógrafo nunca ter sido muito divulgada, tendo entrado num limbo de esquecimento até aos dias de hoje. A excelência do seu trabalho, a notável criatividade e o arrojo com que abordava as imagens que compunha, exigem a sua publicação. Elas servem não só uma importante perspectiva documental mas, acima de tudo, revelam uma inovadora postura estética principalmente se atendermos à época em que as imagens foram captadas

É, sem dúvida, a cidade do Porto o palco que Bernardino Pires escolhe para o desenvolvimento do seu trabalho. O rio douro, as pontes, os comboios, o trabalho, as crianças e os velhos, a cidade nocturna, são o alvo que a objectiva do fotógrafo procura. Trata com especial curiosidade a Zona Histórica da cidade, hoje classificada como Património Mundial pela Unesco.

O processo de edição de imagem, muito utilizado na época, passava pela manipulação dos próprios negativos, muitas vezes com recurso a marcações indeléveis riscando para reenquandrar, pintando para mascarar ou colando elementos sobrepostos na própria matriz. A manutenção destes elementos é opção dos editores, no sentido de partilhar também o caminho criativo que as imagens seguiram após o momento da captação.

Também nós, editores e designers do livro, nos permitimos liberdades de interpretação daquilo que assumimos ser uma leitura da obra do fotógrafo. Resultam daqui algumas decisões gráficas (não fotográficas) de aparente desequilíbrio ou distracção na mise-en-page de algumas fotografias. Assumimos, também aqui, alguma ousadia criativa.

A criatividade, nesta publicação, não se limita ao magnífico trabalho de Bernardino Pires: quisemos multiplicá-lo, à imagem do 1º volume, convidando 43 autores a partir de uma fotografia por si escolhida seguirem caminhos literários tão diversos que vão desde a poesia e prosa à análise histórica, semiótica e estética das imagens do fotógrafo. São eles:

Afonso Cruz
Álvaro Laborinho Lúcio
Amélia Muge
Ana Janeiro
André Domingues
André Neves
António Barbedo
Carlos Rico
Cláudia Lucas Chéu
Constança Carvalho Homem
Dany Wambire
Denisson Padilha
Fátima Vieira
Francisco do Carmo Pacheco
Francisco Guita Jr.
Gabriela do Amaral
Inês Bernardo
Inês Cardoso
Inês Lourenço
J. A. S. Lopito Feijóo K.
Joel Cleto
Jorge Ricardo Pinto
José Rui Teixeira
José Viale Moutinho
Judite Canha Fernandes
Júlio Machado Vaz
Laura Castro
Luca Argel
Mafalda Veiga
Manuel de Sousa
Manuel Sobrinho Simões
Manuela da Costa Ribeiro Maria do Rosário Pedreira
Marta Bernardes
Miguel de Carvalho
Minês Castanheira
Ondjaki
Paulo Brás
Rafaela Jacinto
Raquel Patriarca
Renato Filipe Cardoso
Ricardo Fonseca Mota
Susana Moreira Marques


O facto de o trabalho de Bernardino Pires ser, hoje, quase completamente ignorado tanto publicamente como pelos diversos estudiosos da história e da estética fotográfica portuguesa exige a sua publicação. Nesse sentido tornou-se, por razões de conservação e segurança, urgente a sua digitalização com o objectivo de criar um banco de imagens que permita a sua manipulação e estudo.

Pretende-se com este processo, disponibilizar este acervo para futuras edições de livros e projectos de investigação oriundos de diversas áreas como a história da fotografia portuguesa, a sociologia, a antropologia, a etnografia ou a história urbana da cidade do Porto.

A qualidade artística e documental do acervo Bernardino Pires justifica, por si só, a responsabilidade de o divulgar. Dispõem-se os editores, no seguimento de outras iniciativas editoriais na área da publicação de fotografia portuguesa, dar corpo a este projecto assumindo o papel de editora de mais um tesouro escondido. Ficarão assim a cidade do Porto, e portanto a cultura portuguesa, dotadas de mais uma ferramenta de estudo e de divulgação histórica de indubitável interesse e indiscutível valor.

Bem impresso a negro sobre papel mate de qualidade superior. Encadernação de capa dura com acabamento de plasticização com toque de veludo.

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