Cadáver adiado que procria
24995-L24SOARES (Fernando Luso).— CADÁVER ADIADO QUE PROCRIA. Carta ao arqueólogo João Gaspar Simões. 14,5x21 cm. 1969. (Oficinas gráficas da Soc. Tipográfica, Lda.). 93-I págs. B.
“Antes de mais rogo perdão por lhe escrever sem destino certo, em forma de livro, à semelhança do que alguém fez na célebre ‘carta a Garcia’. Onde estará o senhor neste momento, não posso adivinhar. João Gaspar Simões já não é hoje o Sainte-Beuve da Figueira da Foz, como em tempos lhe chamou Aquilino Ribeiro, nem o Moniz Barreto da Calçada das Necessidades, como outros virão a chamar-lhe com certeza. O senhor não hesitou, no Diário de Notícias de 21 de Novembro passado próximo, em falar expressamente na sua glória, e esta ecumeniza-o de tal maneira, universaliza-o a tamanho grau, que eu, pobre mortal, até lhe perdi a pista. Não fora assim, escrevia-lhe para a morada que Vossa Arqueológica Excelência tem na lista telefónica. Mas sirvo-me da minha estreita invenção de homem menor para proceder segundo a forma que presumo capaz de lhe fazer chegar às mãos esta missiva. Um livro, portanto, aqui tem na sua frente — não uma simples carta despejada ao azar num marco de correio (...)” — retirado de Vossa Arqueológica Excelência.
Livro polémico, onde Fernando Luso Soares, de forma violenta, faz uma sátira ao crítico João Gaspar Simões.