Pirâmide Antologia

25046-L24-X


PIRAMIDE. Antologia.  (Lisboa). 1959. 2 vols. 15,5x21,5 cm. 34 págs. contínuas. B.

“É preciso esperar pelo final da década de cinquenta para em português encontrar uma revista surrealista assumida, Pirâmide (1959-1960). Chega isto para fazer dela um caso merecedor de atenção (...) O texto de abertura do primeiro número é de Mário Cesariny (Mensagem e Ilusão do Acontecimento Surrealista) (...). O nome Pirâmide foi sugerido – informação de Carlos Loures em depoimento recente (v. Daniel Pires, Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa, 1999) por Mário Cesariny. Nenhum espanto, conhecendo os versos finais do Discurso sobre a Reabilitação do Real Quotidiano (1952), em que o poeta mago afirma, peremptório, sim meu amor a pirâmide existe.”


“O primeiro número de Pirâmide (Fevereiro, 1959) tem a colaboração de Mário Cesariny (“Mensagem e Ilusão do Acontecimento Surrealista” (pp. 1-2), de Pedro Oom (“Um Ontem Cão”), de Raul Leal (“Psaume”, p. 10), de António Maria Lisboa (“Aviso a Tempo por Causa do Tempo” p. 12), de Luiz Pacheco (“Surrealismo e Sátira” pp. 13-4), um fragmento de Mário Sá-Carneiro (1913) e uma tradução de Ernesto Sampaio (Artaud). A capa pertenceu a Marcelo de Sousa e a organização a Carlos Loures e Máximo Lisboa. A revista que se apresenta em subtítulo como antologia, também se toma no frontispício por cadernos de publicação não periódica. O número é apresentado por uma notícia, em cinco parágrafos, não assinados, mas em cujo estilo se reconhece a mão jovem dos dois organizadores.

O segundo número de Pirâmide (Junho, 1959), cujos subtítulos continuam os mesmos, antologia e cadernos de publicação não periódica, junta um terceiro nome aos organizadores, Sena Camacho, que desaparecerá de novo no terceiro número; Marcelo de Sousa mantém-se no grafismo e capa. Apresenta colaboração de Máximo Lisboa [“Causas do Determinismo Antropolírico” (com epígrafes de António Maria Lisboa, de Ernesto Sampaio, de João Gaspar Simões), pp. 17-8], Herberto Helder (“Poema”), José Carlos Gonzalez, Sena Camacho, Virgílio Martinho (“A propósito do movimento 57”), Carlos Loures (“Poema-Colagem”), Saldanha da Gama, Manuel de Castro (“Poema”), António José Forte (“Quase 3 Discursos – Quase Veementes”), Ernesto Sampaio (“Carta ao Diário Popular”), José Sebag (“Letra para uma Música em Voga”), Luiz Pacheco (“A Pirâmide & a Crítica”); tem ainda duas colaborações plásticas, Amadeo de Souza-Cardoso (Farol Bretão – Estudo) e D’Assumpção (Génesis). Apresenta no frontispício, como no primeiro número, sem assinatura, notícia de apresentação, desta vez em três parágrafos. Tem página final, porventura da autoria de Mário Cesariny, com os volumes publicados da colecção “A Antologia em 1958 (Mário Cesariny, António Maria, Virgílio Martinho, Luiz Pacheco, Natália Correia) e a publicar (O Cadáver Esquisito na sua Breve Passagem pela Cidade), antecedidos por um “Aviso aos Distraídos”, que parece uma brincadeira poema de Cesariny (onde se anuncia o reaparecimento de Tempo Presente e se aconselha a sua leitura a três dezenas de escritores).

O terceiro e último número (Dezembro, 1960), com os mesmos subtítulos, e idêntica notícia no frontispício em três parágrafos, tem colaboração de Máximo Lisboa (“Iconoclasia”, pp. 41-3, já comentado), de Edmundo de Bettencourt (p. 44 – com antologia de seis poemas), de Alfredo Margarido (“Nota sobre os poemas surdos”, p. 45), de Renato Ribeiro, de Jacques-Henry Lévesque (“Alfred Jarry”, pp.46-7; tradução não assinada), de Rodolfo Afonso, de Henrique Lima Freire, de Manuel de Castro (“Notas para Poesia”, pp. 49), de Ángel Crespo (“Voíme Yendo”, p. 50); de LLorenç Vidal, (com tradução portuguesa de Manuel de Seabra, p. 50), de Carlos Loures [“Aos Ladrões de Fogo – Poesia, Surrealismo, Controle” (cita Mário Cesariny; declaração de fé no surrealismo: cremos ser a Revolução Surrealista um ímpar brado de alerta, chamando-nos a lutar pela salvação do pouco que ainda há para salvar) pp. 51-2], que fecha o número. Tem dois apartes, um “2.º Aviso aos Distraídos”, desta vez fora da alçada de Cesariny, e uma nota, em três linhas, sobre Luiz (então Luís) Pacheco e António Maria Lisboa. Na notícia do frontispício anuncia-se a saída para breve dum quarto número, que nunca chegou a aparecer, com colaboração de Vieira da Silva, Maria Rosa Colaço, Natália Correia, António José Forte, José Manuel Simões e Isidore Ducasse.”

António Cândido Franco In Agulha Revista de Cultura.

Raríssima publicação “não periódica” de que infelizmente apenas apresentamos os dois de um total de três números publicados.


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