Pátria
06557-L22JUNQUEIRO (Guerra).— PATRIA. Esta é a ditosa patria minha amada. Camões. s.d. Livraria Chardron. Porto. 13,5x19,5 cm. 224 págs. E.
Terceira edição desta obra que retrata à lupa Portugal num texto do brilhante pensador Guerra Junqueiro. No final, naquilo a que o autor define como Balanço Patriótico, pode ler-se:
“(...) “Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de miséria, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia de um coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta; (...) Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; (…) A Justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara a ponto de fazer dela um saca-rolhas; (…) Instrução miserável, marinha mercante nula, indústria infantil, agricultura rudimentar; (…) Um regime económico baseado na inscrição e no Brasil, perda de gente e perda de capital, autofagia colectiva, organismo vivendo e morrendo do parasitismo de si próprio; (...) O português , apático e fatalista, ajusta-se pela maleabilidade da indolência a qualquer condição. (...)”
Peça que foi proibida de ser representada pela Comissão de Censura conforme relatório datado de 16 de Maio de 1955 (já na sua sétima edição).
Encadernação dos editores, gravada a seco e a ouro nas pastas e lombada.
(Documento não incluído na obra)