Fernando Pessoa Poeta da hora absurda

Fernando Pessoa Poeta da hora absurda

26114-L25
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SACRAMENTO (Mário).— FERNANDO PESSOA POETA DA HORA ABSURDA. Contraponto. Lisboa. S.d. (1958). 12,5x18 cm. 190-IV págs. B.

“(…) Posto isto, perguntamo-nos: que se visa, afinal, na obra de Pessoa quando se conclue que é genial? - Decerto que não a trouvaille da heteronímia! Então? A poesia ortónima tão-só, reputando-se a restante acidental ou espúria, entretenimento do infante-que-todo-o-génio-também-é ou subproduto dum aliquando Homerus etc. Seria subestimar o que afinal mais solicita a nossa atenção no caso do poeta, seria negá-lo mesmo, já que não há na poesia ortónima o que quer que lhe dê qualitativamente vantagem sobre a dos seus pares. Será, portanto, necessariamente, a obra global. Mas... se a poesia heterónima é do autor fora da sua pessoa: (se) é de uma individualidade completa fabricada por ele, há que ponderar: I) sendo todas essas individualidades completas, como tais, necessariamente distintas e inconfundíveis, só será possível candidatar Fernando Pessoa a um lugar de génio obtendo-se-lhe um teor seu próprio… pela média dos teores desses tais. Tal tipo de génio-eclético só serviria para tornar mais aparente o absurdo duma questão que, sem ele, já salta aos olhos, pelo que o dispensaremos; 2) posta de lado tal hipótese, resta admitir que em cada uma das individualidades-completas existe, de per si, um geniozinho; e então: qual deles é o autêntico, o pessoal e intransmissível génio de Fernando Pessoa? (...)”

Contribuição notável para o estudo da obra de Fernando Pessoa, onde se analisam, entre outros assuntos, os pontos de contacto entre Fernando Pessoa, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis.

Mário Sacramento foi um dos muitos intelectuais que sofreram a ditadura e a censura sendo esta obra, escrita durante a sua segunda detenção em Caxias.

Edição original.


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