
Penas do Purgatório
22091-L22TORGA (Miguel).— PENAS DO PURGATORIO. 3ª edição. Coimbra. (1976). 14x20 cm. págs. B.
Princípio
Não tenho deuses. Vivo
Desamparado.
Sonhei deuses outrora,
Mas acordei.
Agora
Os acúleos são versos,
E tacteiam apenas
A ilusão de um suporte.
Mas a inércia da morte,
O descanso da vide na ramada
A contar primaveras uma a uma,
Também me não diz nada.
A paz possível é não ter nenhuma.
Miguel Torga, in 'Penas do Purgatório'
Bem conservado.