Penas do Purgatório

Penas do Purgatório

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TORGA (Miguel).— PENAS DO PURGATORIO. 3ª edição. Coimbra. (1976). 14x20 cm. págs. B.

Princípio


Não tenho deuses. Vivo

Desamparado.

Sonhei deuses outrora,

Mas acordei.

Agora

Os acúleos são versos,

E tacteiam apenas

A ilusão de um suporte.

Mas a inércia da morte,

O descanso da vide na ramada

A contar primaveras uma a uma,

Também me não diz nada.

A paz possível é não ter nenhuma.


Miguel Torga, in 'Penas do Purgatório'

Bem conservado.


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