LUZ DA LIBERAL E NOBRE ARTE DA CAVALARIA

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ANDRADE (Manoel Carlos de).— LUZ DA LIBERAL, E NOBRE ARTE DA CAVALLARIA. Offerecida ao Senhor D. João Principe do Brazil, por Manoel Carlos de Andrade. Lisboa. Na Regia Officina Typografica. Anno M.DCC.XC. 24,5x35 cm. IV-XXVI-456-I págs. E.

“Pelo titulo de qualquer Livro se dá a conhecer a materia que nelle se contém; e pelo Prologo se dá aos Leitores hum breve desenho do contexto de toda a Obra para se excitar a vontade de a lerem aquelles, a quem ella pela sua qualidade se faz necessaria. Nesta Obra servirei de guia aos que quizerem seguir as regras mais proprias da Liberal, e Nobre Arte da Cavallaria, tão precisa, e praticada em todos os Paizes da Europa, da Africa, da Asia, da America, e ainda dos Póvos mais rudes, e barbaros que elles contém.Tratarei sómente daquellas Regras, que tiverem repetidas vezes sido averiguadas por mim, ou pelos Authores que cito: e farei que em toda a sorte de ares, e trabalhos do Manejo seja a minha explicação acompanhada das razões mais perceptiveis, e claras, que me forem possiveis (...)”.

Considerada o tratado mais completo de cavalaria do Antigo Regime, sendo a principal obra do género em toda a Europa, contendo todos os ensinamentos da equitação, desde a baixa escola os andamentos básicos: passo, trote e galope à grandiosa arte equestre barroca, a alta escola dos séculos XVII e XVIII, especificamente os Ares Altos: o ensinamento de balotadas, capriolas, corvetas, levadas, e pousadas. Profusamente ilustrada, com belíssimas gravuras abertas em madeira, algumas das quais impressas em folhas desdobráveis.

Diz Inocêncio do autor e da obra: “MANUEL CARLOS DE ANDRADE, Picador da Picaria Real de Sua Magestade Fidelissima. Da sua naturalidade, nascimento, obito e mais circumstancias não me foi até agora possivel colher alguma noticia, posto que empregasse a esse intento as diligencias que estavam ao meu alcance. Luz da liberal e nobre arte da cavallaria offerecida ao sr. D. João principe do Brasil. Parte primeira. Lisboa, na Reg. Offic. Typ. 1790. Fol. maior, de XXVI 454 pag., e mais uma no fim, contendo a errata: illustrada com 93 estampas, e um retrato do principe, delineados pelo habil artista portuguez Joaquim Carneiro da Silva, de quem já fiz menção no Diccionario em logar competente. Posto que no frontispicio se lêa a designação de Parte 1.ª, nem por isso a obra deixa de achar se completa, comprehendendo este volume tambem a Parte 2.ª Esta edicão, que póde equiparar se em nitidez e perfeição typographica ás producções do celebre Ibarra, foi mandada executar por ordem da rainha a senhora D. Maria I sendo a tiragem de mil exemplares, dos quaes se entregaram oitocentos ao auctor, ficando duzentos para serem na officina expostos á venda: e ainda na Imprensa Nacional existe ao presente o resto d"esses exemplares, cujo preço antigo que era de 9:600 réis, foi ha poucos annos reduzido a 7:200 réis. Custou a gravura das chapas, vinhetas e letras iniciaes 4:200$000 réis, e a despeza total da impressão foi de 6:588$000 réis. Alguns pretenderam, não sei se com legitimo fundamento, que o verdadeiro auctor d"esta Arte da Cavallaria fôra o marquez de Marialva D. Pedro de Alcantara de Menezes Coutinho, estribeiro mór da Casa Real e que Manuel Carlos de Andrade não tivera n"ella mais parte que a de collocar o seu nome no frontispicio, porque assim fôra a vontade do marquez. Um dos que ainda ha pouco inculcou esta opinião por verdadeira foi o sr. João Carlos Feo, em uma carta, ou artigo que sahiu inserto no Jornal do Commercio de 28 de Septembro de 1859.”

PEÇA DE COLECÇÂO.

Encadernação da época em inteira de pele, decorada a ouro na lombada e pastas. Assinatura de posse, antiga, no frontispício. Carminado em todos os cortes. Preservado numa caixa/estojo, em pele. Miolo em notável estado de conservação.


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